A passagem do Príncipe William pelo Brasil, nesta terça-feira (4), durante visita a uma área de manguezais em Guapimirim (RJ), destacou a urgência de ações voltadas à sustentabilidade e à valorização de comunidades tradicionais. O tema dialoga diretamente com iniciativas brasileiras que unem cultura, meio ambiente e economia local, como o Projeto Pescando Tradições, desenvolvido pelo Instituto Burburinho Cultural na Região dos Lagos, com foco na Lagoa de Araruama.
A proposta tem como objetivo valorizar a pesca artesanal como patrimônio cultural, fortalecer comunidades tradicionais e promover geração de renda de forma sustentável. Realizado em parceria com a Associação dos Pescadores Artesanais e Amigos da Praia da Pitória (APAAPP), o projeto oferece cursos gratuitos, intercâmbio entre pescadores e capacitação em artesanato e biojoias.
Com duração de seis meses, as atividades acontecem em municípios da Região dos Lagos, utilizando a Lagoa de Araruama como espaço de aprendizado. O curso habilita 40 pescadores(as) em técnicas de pesca artesanal, reconhecendo oficialmente a atividade como profissão e expressão cultural. Além disso, o intercâmbio promove trocas entre comunidades da Costa Verde e da Região dos Lagos, ampliando o conhecimento sobre práticas sustentáveis.
A assistente de produção Milena Manhães ressalta que o projeto “formaliza o que os pescadores já fazem há gerações, reconhecendo a pesca artesanal como profissão e elemento central da identidade cultural dessas comunidades”.
A Lagoa de Araruama — maior laguna hipersalina permanente do mundo — é um ecossistema essencial para a pesca artesanal fluminense. Com mais de 220 km² de área e abrangendo seis municípios, o local é um polo natural, econômico e cultural da região.
O pescador Francisco da Rocha, o Chico Pescador, afirma que o projeto amplia o reconhecimento da atividade: “A pesca artesanal é essencial para a segurança alimentar e para a economia da Lagoa de Araruama. Uma única comunidade com 40 embarcações chega a movimentar R$ 1,7 milhão por ano. É uma tradição que merece ser mostrada ao Brasil e ao mundo”.
Segundo Priscila Seixas, presidente do Instituto Burburinho Cultural, o projeto “expande as nascentes da pesca artesanal, conectando-a a novas oportunidades econômicas e culturais. O curso dá forma, o intercâmbio promove a troca e o livro registra essa cultura viva”.
Patrocinado pela Prolagos e pelo Instituto Aegea, o Pescando Tradições conta com apoio da Vila Musical e de associações pesqueiras de São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Monte Alto e Iguaba Grande.
A visita do Príncipe William, voltada à proteção dos ecossistemas e ao fortalecimento de comunidades sustentáveis, reforça o valor de projetos como o Pescando Tradições, que unem saber tradicional, preservação ambiental e desenvolvimento social — conectando o legado das lagoas e manguezais brasileiros a uma agenda global de sustentabilidade.








