O Brasil e a bossa nova amanheceram mais pobres musicalmente neste sábado, 16. Morreu na madrugada o cantor e compositor Carlos Lyra, aos 90 anos, um dos grandes nomes da bossa nova nos anos 1950 e 1960. Ele compôs clássicos como “Maria Ninguém” e “Lobo Bobo”. A morte foi divulgada pelo seu perfil nas redes sociais e confirmada pela esposa, Magda. A causa do falecimento não foi divulgada.
“É com imensa tristeza que comunicamos a passagem do compositor Carlos Lyra, nessa madrugada, de forma inesperada. A todos, agradecemos o carinho”, comunicou o perfil do artista no Facebook.
Segundo a família, o cantor estava internado desde a última quinta-feira, 14, no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em estado febril. Na sexta-feira, 15, teve uma infecção que piorou seu estado de saúde. O corpo será cremado, mas, ainda não foi divulgada data do velório nem o local.
Perfil:
Lyra nasceu na cidade do Rio em 1933 e começou a fazer música em um piano de brinquedo quando tinha sete anos de idade. Quando adolescente, conheceu o compositor Roberto Menescal, com quem formou a Academia do Violão, por onde passaram músicos como Marcos Valle, Edu Lobo, Nara Leão, Wanda Sá e outros. A sede era em um pequeno apartamento na Rua Sá Ferreira, em Copacabana.
Foi no apartamento de Nara Leão, uma das alunas da academia, que nasceram as primeiras músicas da bossa nova, com Lyra.
Foi com a canção “Menino”, gravada em 1956, na voz de Sylvia Telles, que veio o sucesso. Segundo Tom Jobim, Lyra era o maior “melodista do Brasil”.
Repercussão:
Artistas, casas noturnas e políticos ligados à cultura postaram nas redes sociais o pesar pela morte de Lyra.
“Carlos Lyera, você é pra sempre. Sua amizade, parceria e carinho estarão sempre guardados no meu coração. Sua música é infinita. Sem ela o mundo seria mais triste! Com ela quanta felicidade e beleza espalhadas pelo caminho e corações de tantas pessoas!!! No meu, com certeza. Magda, minha amiga tão querida, estou com você. Meu abraço mais afetuoso pra você nesse momento”, disse a cantora Cris Delanno.
“Carlos Lyra desencantou. Obrigado por tudo, mestre. Bom descanso”, postou o grupo Casuarina.
“Conheci Carlos Lyra em 1995, quando administrei Copacabana e buscávamos requalificar o Beco das Garrafas, berço da Bossa Nova. Divertido e empolgado com a perspectiva, Lyra demonstrava espírito jovem. Imaginem a festa que pode fazer ao lado do Tom, Vinícius e João Gilberto…”, lamentou o ex-deputado federal Índio da Costa.
“O Brasil amanheceu menos musical hoje. Carlos Lyra nos deixou nesta madrugada. O compositor foi um dos artífices da Bossa Nova e um entusiasta e divulgador de artistas como Cartola, Nelson Cavaquinho e Zé Kéti. Fez música para teatro e cinema e aplicou consciência social em diversas de suas canções. Seu nome está escrito na história da Música Popular Brasileira, eternizada em clássicos como “Você e Eu”, “Coisa mais Linda”, “Influência do Jazz”, “Maria Moita” e tantas outras. Obrigado por tanto, Carlinhos. Meus sentimentos aos familiares, amigos e fãs”, disse a deputada federal Jandira Feghali (PC do B).
“Morre Carlos Lyra, ícone da bossa nova, aos 90 anos. O Blue Note teve a honra em receber Lyra e fazer diversas homenagens em vida. Nossos sentimentos a família, fãs e amigos. Autor de músicas como ‘Maria Ninguém’ e ‘Lobo Bobo’, ele foi um dos principais nomes da bossa nova e seu legado musical será eterno!”, postou a casa de shows carioca Blue Note.
“Já com saudades, os cariocas amantes da bossa nova se despedem hoje, 16/12, do consagrado gênio inspirador Carlos Lyra. Suas belas e marcantes composições seguirão encantando as próximas gerações. Descanse em paz”, postou o perfil da Prefeitura do Rio de Janeiro.