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Está chegando o 1° de Abril, dia de contar ‘causos’ e aprontar brincadeiras com os amigos

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Brasileiro é um povo brincalhão por natureza. Independente da região do país, adona contar “causos” e histórias absurdas, além de aprontar brincadeiras com os amigos e entes queridos. O Dia da Mentira, celebrado no 1º de abril, é uma época propícia para fazer aquela ‘pegadinha’ com alguém, para depois, cair na gargalhada.

“Eu deixei a minha esposa no ponto de ônibus, fui no mercado que era em frente e comprei o que pude, quando eu volto para o carro, entro, tem uma loira, abre a porta do carro, ela me olha e grita: “Socorro, é ladrão”. Falei: “Moça, o carro é meu”. Ela continuou gritando e saiu correndo. Quando chegou o segurança do mercado e da loteria esportiva, ficou constatado que o carro dela é igual ao meu e estava atrás do meu carro. E minha mulher, que estava no ponto, quis me matar, ao ver uma loira no carro, achando que era a minha amante. Depois, a loira contou que era 1º de Abril”, contou o professor Arilson dos Santos Carvalho.

“Tem a história de dois irmãos gêmeos, que eu dava aula para eles, o Lucas e o Diogo. Eles eram iguais. Não tinha como eu diferenciar os dois. Eles se passavam um pelo outro. Às vezes eu falava com o Lucas pensando que era ele, mas era o Diogo. Acontecia o contrário também. Eles combinavam isso. Por exemplo, mostravam um dever para mim, como se fosse de um, era de outro. O Lucas era mais esperto e o Digo, mais inteligente e quieto. Quando acontecia isso, eles diziam no final: Primeiro de Abril! Um dia conversei com a mãe deles, que me ensinou a como diferenciar”, contou o também professor Alexandre Rocha dos Santos.

Peças que ficaram famosas – Ao longo da história empresas e personalidades pregaram “peças” na opinião pública. Em 1957, o canal britânico de TV BBC, no programa Panorama, apresentou uma reportagem falsa sobre árvores de espaguete. Muitas pessoas interessaram-se em plantar árvores de espaguete em suas propriedades.

Em 1999, a atriz Fernanda Montenegro apareceu na capa do jornal Cruzeiro do Sul exibindo a estatueta do Oscar de Melhor Atriz (que ela havia perdido naquele ano para a americana Gwyneth Paltrow). Na mesma página, havia notícias como: a elevação do salário-base do operário brasileiro para R$ 3 mil em razão da “crescente oferta de emprego”, inauguração da Universidade Pública de Sorocaba, contratação do jogador Ronaldinho pelo São Bento, o Rio Sorocaba com as águas azuis e um pescador exibindo um dourado de 7 quilos no trecho urbano, A Rodovia Raposo Tavares duplicada, a descoberta das curas da Aids e da obesidade. O rendimento da poupança a 20% ao mês, e o dólar a R$ 0,50 abriam a seção econômica. A capa “verdadeira” havia sido transferida para a página 2.

As “falsas” notícias, no entanto, renderam muita leitura. “Acossado por um volume exageradamente alto de más notícias, o leitor sente, neste momento, a necessidade de fantasiar um pouco”, explicava o jornal. A brincadeira rendeu muitos telefonemas à redação, mas a maioria para elogiar a iniciativa, segundo o redator chefe, Djalma Benette.

Em 2005, a empresa americana Google criou página sobre uma suposta bebida sua. Em 2008, o site de relacionamentos Orkut alterou temporariamente a sua logmarca para Yogurt, um jogo de letras com o nome original. No ano seguinte, o site inglês “F1 Live” aproveitou a data para lançar a falsa notícia de que o piloto britânico Lewis Hamilton teria trocado a Mc Laren pela Brawn. No mesmo dia, o site Youtube apareceu de cabeça para baixo o Gmail com piloto automático.

Em 2011, o programa global Globo Esporte, antes dos créditos finais, exibiu um vídeo comemorando “o primeiro título do Corinthians como campeão da Copa Libertadores da América”, título que o time é conhecido por nunca ter conseguido na época. O ato causou revolta entre alguns torcedores.

Origem do Dia da Mentira – Não se sabe ao certo a origem do Dia da Mentira, possivelmente está relacionada com as mudanças no calendário propostas no Concílio de Trento, em 1548, e implantadas pelo papa Gregório XIII em 1582. Nesse meio tempo, o rei francês Carlos IX ordenou que, a partir do ano de 1564, o Ano Novo fosse celebrado no dia 01 de janeiro, e não mais em 25 de março, o início da primavera no Hemisfério Norte, como era a tradição na maior parte da Europa.

Porém, havia uma grande dificuldade na comunicação das ordenações régias. Os meios de comunicação eram precários e lentos, e as informações não chegavam rapidamente a todas as partes de um reino. A ordem régia só foi efetivamente cumprida na maior parte dos locais do reino francês em 1567.

Isso pode explicar o motivo que levava algumas pessoas a continuar comemorando o Ano Novo em 25 de março. Como algumas pessoas sabiam da mudança do dia da comemoração, passaram a zombar das demais, que estariam comemorando o Ano Novo em um dia falso. A partir daí, a prática foi difundindo-se, transformando o 1º de abril no Dia da Mentira.

A brincadeira iniciou-se na França e dispersou-se para outros locais da Europa nos séculos seguintes. Na Inglaterra e nos EUA, por exemplo, o dia é conhecido como “April Fool’s Day” ou “All Fool’s Day”, significando algo como o Dia dos Tolos de Abril ou Dia de Todos os Tolos.

O motivo de mudança de data do Ano Novo poderia ainda estar relacionado com o fato de a comemoração no início da primavera estar relacionada com práticas pagãs, e não cristãs. A ligação de fenômenos naturais – como a primavera – com possíveis espíritos divinos contrariava as práticas cristãs de um Deus único, não ligado às forças da natureza. Com o início da primavera, comemorava-se também a entrada do período da fertilidade, em que se realizavam as semeaduras e havia o desabrochar das flores das espécies vegetais.

À época, durante o século XVI, a passagem do tempo era muito mais identificada com as estações do ano do que com os calendários. As comemorações ocorriam no final de março porque era o momento da passagem do inverno para a primavera. Entre 25 e 31 de março ocorriam festas de celebrações, sendo que no início do mês seguinte, abril, a vida voltava ao normal.

No Brasil, o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou A Mentira, um periódico de vida efêmera, lançado no 1º de abril de 1828, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. A Mentira saiu pela última vez a 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.

Na Alemanha o primeiro de abril como Aprilschertz primeiramente foi registrado na Baviera em 1618, sendo que essa popular tradição germânica certamente foi introduzida pelas primeiras levas de imigrantes alemães que se assentaram permanentemente no Rio Grande do Sul a partir de 1824. Segundo a tradição, além de contar mentiras, existe o costume de se enviar uma pessoa desavisada a cumprir tarefas sem fundamento ou levar informações sem nexo para outrem.

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