Após dois anos de restrições impostas pela pandemia da Covid-19, o setor de turismo vive um momento de aquecimento e está otimista com o processo de retomada. No entanto, a recuperação financeira deve ocorrer de forma gradativa, pois o prejuízo acumulado durante a crise sanitária impactou de forma severa as empresas que atuam no setor.
A necessidade de isolamento social para conter a disseminação da doença interrompeu a realização de eventos e restringiu outras atividades, como viagens e visitas aos pontos turísticos. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o prejuízo acumulado entre março de 2020 e abril de 2022 é estimado em R$ 515 bilhões.
Com o avanço da vacinação e o maior controle da pandemia, as atividades turísticas foram retomadas. Agora as empresas do setor trabalham para atender a demanda reprimida e, assim, recuperar não só as finanças, mas também a confiança dos investidores.
Reflexos na bolsa de valores – Antes de tomar a decisão de investir em ações de uma companhia, uma das orientações do mercado financeiro é que o investidor avalie o desempenho dos negócios e do setor de atuação.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a avaliação deve ser realizada observando não só os resultados conquistados pela empresa nos últimos meses, como também a projeção feita para os próximos.
Em meio à pandemia, os resultados das firmas que atuam no setor de turismo apresentaram queda. Além disso, a dúvida sobre como e quando a realidade seria modificada afastou o interesse dos investidores.
Como o mercado financeiro é regido pela lei de oferta e procura, as ações de grandes empresas listadas na Bolsa de Valores (B3) – como Gol Linhas Aéreas Inteligentes (GOLL4), Azul Linhas Aéreas Brasileiras (AZUL4) e a CVC Brasil (CVCB3) – sofreram uma desvalorização expressiva no período.
Novo momento: aquecimento gera otimismo – A expectativa é de um novo momento para o turismo e para as finanças das empresas do segmento. A pandemia criou uma demanda reprimida por viagens e lazer, que tem aquecido o setor nos últimos meses. Além dos brasileiros que retomaram os planos não realizados nos últimos dois anos, o Brasil também voltou a ser destino turístico para pessoas do exterior.
A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) informou que 1,8 milhão de viajantes do mundo inteiro desembarcaram no país, com visto de turista ou em viagem a turismo, entre janeiro e setembro. O número é mais do que o triplo verificado no mesmo período do ano passado.
Outro dado da Embratur confirma o aquecimento da demanda pelo país como destino turístico: mais de 700 mil passagens aéreas já foram compradas por turistas estrangeiros para a temporada entre dezembro e março.
Para atender a demanda do público consumidor interno e externo, a malha aérea brasileira será ampliada no verão. A CCR Aeroportos informou que serão disponibilizadas 519 rotas, um incremento de quase 20% em comparação com a temporada pré-pandemia.
Projeção alterada – Diante dos resultados positivos observados nos últimos meses, a CNC revisou a projeção que havia feito sobre o desempenho do setor este ano. Inicialmente, a expectativa era encerrar 2022 com um crescimento de 5,1% em comparação com 2021. O percentual foi modificado para 5,8%.
Na avaliação do economista da CNC, Fábio Bentes, o aquecimento vivido pelo setor tem contribuído para uma geração de receita mais próxima do nível que era observado antes da pandemia da Covid-19.
Nesse sentido, o empenho das empresas que atuam com viagens, hospedagem, transporte, eventos e demais atividades turísticas é apontado como o diferencial para a recuperação financeira.