O impacto financeiro da suspensão dos cruzeiros até 21/01 será milionário em Cabo Frio. O dado, levantado pela Secretaria de Turismo da cidade, preocupa o trade turístico sobretudo em momentos de retomada do setor.
“O cancelamento representa aproximadamente R$ 200.000,00 a menos nos cofres públicos (taxa paga pela atracação de transatlânticos); e por volta de R$ 2 milhões deixam de circular em nossa economia (valor aproximado que os cruzeiristas gastam na cidade)”, destacou Carlos Cunha, secretário de Turismo de Cabo Frio.
A suspensão, apesar de negativa, é apoiada pelo município. “Os cruzeiros estão suspensos, a princípio, até dia 21/01. Às viagens após essa data ainda serão estudadas. Concordamos plenamente com a suspensão da temporada, por se tratar de emergência sanitária”, disse o secretário da pasta, destacando o combate à Covid-19.
A decisão de suspensão foi da Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia Brasil). Decisão, essa, tomada monocraticamente. “São coisas que precisam ser conversados entre o ministro do Turismo, da Saúde, as cidades que vão receber esses navios… Deveria ser uma decisão colegiada. Não fui chamado para nenhuma reunião para tratar desse tema”, revelou o presidente do Conselho Regional de Turismo (CONDETUR) da Costa do Sol do Rio de Janeiro, Marco Navega.
“Esse é um tema controverso e polêmico. Temos brigado pelo retorno dos cruzeiros em todo o litoral brasileiro. Traz visitantes e faz os turistas de outros países conhecerem os destinos de todo o litoral. Na Costa do Sol, nós sentimos muito. As cidades estavam prontas para receber. Entretanto, essa decisão é soberana. Precisamos preservar o cidadão local. Vamos trabalhar o turismo interno, já que não está apresentando problemas. São todos bem-vindos”, completou Navega.
Quem mais está lamentando a suspensão dos cruzeiros é o trade turístico. “Estamos acompanhando esse processo. Para a gente, está sendo muito ruim, porquê os cruzeiros trazem muita gente de fora, estrangeiros que deixam um legado bom nos municípios em que eles atracam”, comentou o presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux do Estado do Rio de Janeiro, Guilherme Braga de Abreu.
“Essas pessoas consomem nos restaurantes, compram souvenirs, dentre outros. É um impacto muito grande, estamos muito preocupados nessa retomada, estava indo tudo bem”, completou Guilherme, que adiantou que poderá se reunir com a Clia Brasil para entender a medida. “Vamos aguardar os próximos dias para entrar em contato. Conforme for, vamos buscar entender entender o posicionamento deles”, concluiu.
No último domingo (2), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contraindicou embarques em cruzeiros no atual momento. “Em vista dos últimos acontecimentos, a Anvisa contraindica o embarque de passageiros que possuem viagens programadas em navios de cruzeiro para os próximos dias, em especial diante do aumento vertiginoso de casos de covid-19, com identificação de surtos a bordo das embarcações que operam na costa brasileira”, disse, em nota.