Considerada a principal cidade da Região dos Lagos, Cabo Frio completa, neste domingo (13), 407 anos de emancipação político-administrativa. O município, visitado por turistas não só de todo o país, mas também do mundo, completa mais um ano de idade em um momento de recuperação em diversas áreas.
Para falar sobre esse período, o ErreJota Notícias – Costa do Sol conversou com o prefeito José Bonifácio Novellino, chefe do Executivo municipal desde 2020. Diversos assuntos foram abordados. Confira!
Como está a expectativa para os 407 anos de Cabo Frio?
Olha, está muito boa a expectativa e a repercussão da programação. É uma programação simples, mas a gente tem percebido que a população está muito feliz com ela. Eu só entreguei uma obra nova, as demais foram recuperação de prédios antigos, escolas deterioradas. Durante a pandemia, por exemplo, tivemos uma escola que foi totalmente destruída pelo tráfico de drogas.
A programação também conta com show de músicos locais e nomes já consagrados como Paulinho da Viola, Geraldo Azevedo, Tereza Cristina, Péricles. Então estamos numa expectativa muito boa não só para os munícipes, mas também com a vinda de turistas. Estamos divulgando bastante essa programação.
É um prenúncio do trabalho para colocar Cabo Frio em um patamar depois da pandemia, um período muito complicado, e preparar a cidade para grandes eventos como Réveillon e carnaval. Queremos recuperar os blocos carnavalescos da cidade.
A pandemia causou grandes problemas para as economias locais. Como a cidade está vendo esse momento pós-pandêmico?
Há um clima de muita animação. As atividades econômicas estão começando a se aquecer também. Temos buscado atrair novas empresas de grande porte para a cidade, como o Atacadão e Supermarket. Empresas menores também estão chegando, como uma escola de gastronomia que está se implantando em Cabo Frio. Restaurantes também estão abrindo na cidade. Não vou dizer que o clima é de euforia, mas é de aquecimento econômico já é visível.
Qual é a identidade desse povo cabofriense com a cidade, e como o governo pensa em trazer esta identificação?
Busquei desde o primeiro momento, no dia da eleição, que no dia seguinte ninguém iria comemorar a vitória ou provocar o adversário. Nós focamos em unir a cidade. Então, neste clima de embate político, procuramos implementar o respeito sob todos os lados.
Cabo Frio não aceita, de forma nenhuma, discriminação. Não faz muito tempo que ajudamos a realizar a parada LGBTQIA+, que não aconteceu sem nenhum incidente de ódio. Cabo Frio é uma cidade que respeita a diversidade.
Queremos mostrar aos turistas que vêm como a cidade é nossa da mesma forma que é deles também! E queremos que quem chega cuide do município como se quem morasse aqui todos os meses do ano. Nós passamos uma identidade acolhedora, entre nós e para os turistas.
Cabo Frio tem uma política forte da Moeda Itajurú, podemos dizer que hoje esta é uma das principais marcas da política social da cidade?
Olha, essa política da Moeda Social completou um ano neste mês de Outubro. Ela começou em um bairro da periferia, e aí estendemos para outros três que tinham uma realidade econômica complexa. Já mandei um projeto de lei para Câmara dos Vereadores que fizesse com que os usuários da Itajurú não perdessem seu poder aquisitivo pela inflação. Você é creditado com 200 Itajurus, correspondendo a 200 reais, em Novembro serão depositados 220 Itajurus, e a cada ano completado pretendemos fazer este reajuste.
Hoje atendemos à 2.000 famílias, mas eu quero que ao fim do nosso governo queremos atender até 10.000 famílias, isto é, em média 40.000 moradores de Cabo Frio em situação de vulnerabilidade e recebendo este auxílio.
Para o senhor hoje, quais são os maiores expoentes de Cabo Frio? E onde você vê o desafio para os próximos anos?
O maior desafio é implantar mais equipamentos turísticos, e aqui não falo apenas do poder público. Nós temos buscado atrair mais empresários especificamente da área turística. Já estamos aprovando a aplicação de um parque aquático, que está sendo atraso por alguns processos judiciais, ainda que todos os órgãos governamentais da pauta ambiental tenham aprovado.
O meu comprometimento é sempre atrair a iniciativa privada para que possa, numa parceria público-privada ou não, nós atrairmos esses novos equipamentos. Um deles é o novo centro de convenções da cidade, para que a gente possa ter a realização de eventos o ano inteiro e possamos atrair novos eventos, encontros, festivais, congressos e etc. Já temos um terreno e que estamos em busca de recursos federais para que possa ser implantado. Não queremos, necessariamente, gerir. Podemos entregar à iniciativa privada, que pode gerir melhor que o poder público.
No segundo distrito de Cabo Frio temos a sede da Fazenda Campos Novos, cuja reforma vai começar em breve com recursos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, destinados pelo deputado André Ceciliano. O casarão é do século XVII e Charles Darwin pernoitou no local durante a visita à região, bem como Dom Pedro II. Nessa área, há um parque de exposições agropecuárias que também estamos revitalizando.
Também no segundo distrito, tem um parque natural maravilhoso, que é o Parque Natural Municipal do Mico-Leão-Dourado. Só temos dessa espécie, ameaçada de extinção, em Cabo Frio e em Silva Jardim. Adquirimos a área por desapropriação amigável e implantamos a sede do parque, que está sendo um centro de visitação, de forma organizada e paulatina (já que não se pode ter um fluxo de pessoas muito intenso).
Nosso objetivo é que Cabo Frio não seja só praia, que após do período do verão, todos os turistas possam vir para a cidade terem uma atividade para realizar.
Há interesse em montar um circuito turístico, puxando por Búzios e Cabo Frio, mas atraindo as cidades turísticas da Costa do Sol?
A primeira iniciativa foi dos secretários de turismo se encontrarem para que, os eventos que estão sendo organizados, cada um deles separadamente, possam ser adaptados a fim dos turistas não terem a mesma experiência. Isto é, um exemplo, se Cabo Frio for fazer um evento de shows, Arraial não faria um evento desta espécie. Essa atitude tem o foco de, num futuro próximo, montarmos um calendário de evento comum para a Região dos Lagos – para quem sabe em 2024.
Agora vamos falar sobre saúde e educação, as principais demandas de qualquer prefeitura. Como o Governo tem cuidado dessas áreas e o que podemos esperar do quesito?
A educação, eu diria, que está num alinhamento bastante aceitável. Lógico que precisamos avançar cada vez mais. Mas após a pandemia, em que os alunos desabituaram do ambiente escolar, retomar as aulas presenciais, a busca por estudantes que não voltaram e dar a eles uma estrutura digna, foi um desafio. Temos 90 escolas municipais, então imagine o trabalho de recuperação. O problema da falta de professores foi resolvido, a falta de alimentação escolar para todos os alunos não é mais um problema, todos eles comem tranquilamente e boa parte das comidas são adquiridas de produtores familiares locais. Então eu diria que estamos mantendo uma curva de evolução na educação, bom está, mas queremos sempre mais.
No que tange a saúde, mudei o titular da pasta recentemente (Jânio Mendes é o novo secretário) e estamos cortando práticas que vinham encrostadas por rotina e uma falsa sensação de ser normal. Não abandonamos as unidades de 24h e os hospitais gerais – então além de dar atenção para todas estas unidades, nós entramos de cabeça com o projeto de implementação da saúde básica nas famílias. Eu quero chegar ao final do meu governo com 80% da população da cidade de Cabo Frio sendo atendida pelo médico de saúde da família.
Como você enxerga a Cabo Frio ideal do futuro?
Seria uma Cabo Frio com acessibilidade, mobilidade e acolhedora – palavra que reforço, pois nos importa muito – e onde possamos usar tudo que é possível, ao menos na administração pública, da tecnologia da informação. Queremos que o papel, ainda presente nos processos, desapareça, e seja tudo informatizado. Queremos que ela esteja de fato conectada com o que há de mais moderno.
Qual sua mensagem para o povo cabofriense?
Olha, queria primeiro agradecer a toda população da cidade, pela compreensão do povo porque ainda temos muitas dificuldades para enfrentar. Temos muitos problemas para sanar e eu sei porquê ando nas ruas, me desloco de bicicleta. Estamos revitalizando as ciclovias e quero ampliar o sistema cicloviário do município e agradeço a compreensão da população.
E digo o seguinte: esta cidade, acima de tudo, tem a palavra respeito como momento de reflexão. Acabamos de sair de eleição presidencial que teve uma disputa acirrada, o clima foi pesado, e agora o Brasil precisa viver o momento de paz. Temos que reconhecer que as eleições foram limpas, que registraram sem contestação a vontade da população.
Que a gente entre em um novo momento de paz e de reinserção do país no cenário mundial. Em Cabo Frio é da mesma forma. Ter respeito acima de tudo, ninguém é obrigado a concordar com o que é divergente. É isso que a cidade espera e merece e queremos acolher sempre todos que vem. Venham para Cabo Frio e passar não só o verão, mas passar todas as outras estações do ano na nossa cidade.
*colaborou Lucas Nunes